quarta-feira, março 17, 2021

Batman v Superman: Dawn of Justice


Segunda etapa no «DC Snyder Universe», em preparação para o famigerado Snyder Cut.

Não bastou termos visto uma vez os 40 minutos em que Snyder assassinou toda a reputação e credibilidade que o Super-homem demorou 70 e tal anos a estabelecer, em Man of Steel. No início de BvS temos de voltar à destruição de metade de Metropolis. Vemos as mesmas cenas doutros pontos de vista, muito pelos olhos de Bruce Wayne, desesperado a querer ajudar, mas sem saber que fazer. Aliás, qual era a ideia, Bruce? Foste para Metropolis sem fato. Que achavas que conseguirias fazer para ajudar? Eu até estou surpreendido por não teres atropelado meia dúzia de pessoas, quando conduzias desenfreadamente pelas ruas da cidade.

Com uma hora de filme muito pouco acontece. Uma data de diálogos desprovidos, Eisenberg a provar cada vez mais que Snyder até pode fazer uns castings com malta talentosa, só é pena que não tenha a mais pequena ideia da essência de qualquer uma das personagens (mais alguém frustrado com os três minutos que Jimmy Olsen teve direito?). Cenas paradas e pouco incisivas. Até que chegamos ao «sonho dentro do sonho». E volto a ficar irritado com esta cena completamente despropositada, cheia de enredos secundários, quando o enredo principal não está sequer encaminhado.

Com duas horas de filme chegamos a outra cena péssima. (Parece que o homem gosta de «meter um ferro» a cada hora.) Estou a ver uma versão com três horas e tudo é mais longo, sem grande justificação. A cena em questão, a segunda que fez-me regurgitar um pouco, é uma que não me recordo ter visto da primeira vez. O Henry Cavill não é grande actor, isso é certo é sabido. Mas também não é tão mau como parece nesta cena. Vá-se lá saber porquê, mas com cara de quem tem prisão de ventre, o Super-homem diz «I have to go to Gotham to convince him to help me. Or he has to die.» E, sempre com a mesma expressão, faz uma espécie de encolher de ombros e levanta voo, deixando Lois Lane sem poder dizer mais nada. It could have been a text, é só o que estou a dizer.

Não foi preciso ver mais uma hora de filme para chegar à cena mais estúpida de toda a história do cinema: save Martha. «Ah e tal vou matar-te, mas afinal não, porque temos em comum mães com o mesmo nome.» Pois claro que sim. Não vou alongar-me. Até quem defende a qualidade deste filme sabe que esta cena é miserável, mesmo que não o admita em público ou a ninguém.

Por fim, ver a «trindade» em acção desculpa muita coisa. Acedo que ver os três juntos é tão, mas tão fixe, que quase esqueço que o Doomsday é péssimo visualmente e que a criatura ter poderes eléctricos é só estúpido.

O que posso dizer sobre o filme, no geral, depois deste segundo visionamento, é que até poderia ser um projecto incrível, não fosse Snyder querer contar todas as histórias duma só vez e meter demasiado entulho num só filme, em vez de procurar desenvolver as personagens minimamente. Parece um miúdo com défice de atenção: «Vamos matar o Super-homem usando o Doomsday. O Batman também vai arrear porrada no Super. E a Wonder Woman aparece. E o Flash aparece com premonições. E no futuro o Darkseid e o Super, apesar de morto, tomam conta do mundo. E o Aquaman existe. E o Cyborg existe. E Mother Boxes...»

Cada uma destas frases é uma história que durou anos e dezenas de livros para contar. Não precisa entrar tudo duma só vez, caramba. (phrasing)

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