segunda-feira, setembro 30, 2019

Ad Astra


Não saía da sala de cinema com um ódio tão visceral ao que tinha acabado de ver há algum tempo.

Dizer que o filme é péssimo é ser muito, mas muito simpático. Quase nada faz sentido numa premissa que, claramente, apenas serviu para capitalizar o sucesso que tiveram filmes como Interstellar ou Gravity. E depois é escolher Pitt, que não é mau actor, de todo, para fazer um papel onde não é suposto ter qualquer tipo de expressão facial, ou outra reacção física, em relação a nada. É um tipo a quem nada afecta. O que, como devem imaginar, é algo que queremos todos muito ver em cena.

- Então que filme queres ver hoje, querida?
- Que tal aquele em que o actor principal, o único que aparece em maior parte do filme, não tem qualquer reacção a nada do que acontece?
- Querida, sabes bem que o Manoel de Oliveira já morreu. Não há filmes dele nas salas de cinema, graças a dEUS.

Caso não tenha sido claro: Ad Astra é uma m€rd@.

sexta-feira, setembro 27, 2019

Annihilation


A premissa é para lá de absurda. O grupo escolhido, para entrar num campo desconhecido com uma qualquer anomalia que tarda em ser entendida pelas pessoas mais inteligentes do mundo, é ridículo. Para além de gente mais necessária no exterior, precisamente para investigação, é malta inútil naquelas condições. O universo criado é giro, mas nunca consegui abstrair-me do facto de que queriam dar um mimo a Portman. Queriam fazer um filme em que as mulheres estavam na liderança. Atenção que vejo zero problemas com isso. Só nunca vi em Portman conseguir fazer esse papel, ela que é uma dondoca sem sal.

Independentemente de vir a ser a nova deusa dos raios.

quinta-feira, setembro 26, 2019

A Futile and Stupid Gesture


Comediantes. Os tipos mais deprimidos do mundo. É uma contradição surreal, mas estranhamente verdade. Parece que quanto maior a depressão, mais engraçados conseguem ser. Uma condição da realidade em que vivemos, talvez. Pedimos um tipo específico de humor, que puxa por estes cavalheiros.

Quiçá a culpa seja dos personagens desta «história», da História do humor. Tipos que abanaram o barco e trouxeram um novo estilo ao género. Tipos que marcaram as gerações de humoristas que vieram à seguir, que trilharam o caminho para esta gente depressiva que nos faz rir. Inadvertidamente acabaram com a vida dum quantos, mas deram vida a outros e até alguma aos que partiram cedo demais.

quarta-feira, setembro 25, 2019

Like Father


A capacidade da Netflix - sim, estou a despachar os filmes de 2018, que tenho na minha lista Netflix! - de conseguir ter pessoa com «apelo de estrela» não está em causa. Calma. Ainda não chegámos ao ponto de ter os Tom's ou Chris' desta vida, mas já sacam os Frasier, Veronica Mars ou os Sandlers que por aí pululam. (E, infelizmente, mais daqui a algum tempo teremos a «grande cena» do Sorcese a sair.)

Poder-se-á desdenhar estes tipos de nomes/actores, mas o certo é que o público Netflix quer é ver estas pessoas. Malta «simples», com quem se podem identificar. Todos nós facilmente acreditamos que pessoas como a Bell volta e meia metem-se a embaçar algo na Netflix até às quinhentas, enroladas em cobertores, aninhadas no sofá.

É também por isso que comemos estas balelas que andam a fazer, como este Like Father. Convenhamos que isto é apenas uma desculpa para passarem tempo num cruzeiro, como é óbvio.

terça-feira, setembro 24, 2019

The Week Of


Sandler é um totó com pouco dinheiro, que faz tudo para nunca chatear ninguém. Rock é um gajo bem sucedido e com dinheiro, que se está a marimbar para o que acham dele.

O primeiro tem o amor e apoio incondicional da família, conseguindo desenrascar um casamento para a filha mais velha, sempre em esforço. O segundo atira dinheiro aos problemas, conseguindo sempre soluções, mas ninguém na família o tem em muita boa consideração.

Sim, é uma história assim tão bem elaborada.

domingo, setembro 22, 2019

Father of the Year


Esqueçamos por um pouco que a Netflix decidiu apostar nesta pandilha Happy Madison para fazer filmes. Foquemo-nos no que tens de fazer para ter este tipo de poder. Esta capacidade para pegar em qualquer ideia estúpida - neste caso aquela velha máxima dos miúdos, que «o meu pai batia no teu» - para fazer um filme. E, independentemente do que venha a sair, há sempre um sítio que paga para isto se fazer. Paga para isto passar.

Depois de muitas comédias parvas, em que os actores faziam todo e qualquer tipo de parvoíce só para ganhar um riso, estes cavalheiros chegam ao ponto na carreira que podem fazer tudo o que lhes vier à cabeça que, aparentemente, não há consequências.

Será que não gostamos deles porque fazem coisas parvas? Ou é mais uma questão de inveja?

Não sei quanto a vocês, mas começo a pender para a segunda hipótese.

sábado, setembro 21, 2019

Candy Jar


Ter talento metido no elenco não ajuda a fazer um filme. Ambos os protagonistas são talentosos, sendo que acredito que venham a ter belas carreiras. Contudo, uma comédia romântica adolescente sobre a competição de debater (sim, uma cena nos EUA) não é a coisa mais apelativa que andará pelo canal (ainda) preferido de streaming.

A única nota, algo surreal, que se pode tirar do filme é a questão da competitividade. Que há competições de debate já o sabia. Que, para ganhar, é necessário «cuspir» um discurso gigante em apenas minutos, isso não estava muito a par.

A competição ganha-se dando o máximo de argumentos possíveis, para justificar a premissa defendida. Isto implica fazer um discurso a uma velocidade astronómica. Algo já inútil, de certa forma. Isto porque os discursos são enviados antecipadamente. Ou seja, a verdadeira argumentação é feita antes. O estar em palco é só um exercício espalhafatoso de inutilidade, misturado com a capacidade de reforgitar verborreias a todo o gás.

Americanos a serem esquisitos, como é usual.

Set It Up


Comemoro o post 2 750 deste blogue com um género clássico, para mim: a comédia romântica. Muitos dirão que o género está morto e enterrado. Set It Up não ajuda a combater esta teoria.

Dois assistentes de dois workaholics decidem juntar os patrões. Isto ajudará a que os assistentes possam ter vida própria, procurar as suas próprias relações, ver coisas, estar com amigos e, sendo uma ideia tresloucada, quiçá não sair do escritório à meia-noite diariamente.

A razão porque aceitam condições menos adequadas para viver deve-se à actual necessidade de fazer de tudo para poder vir a ter uma carreira. Talvez até para vir a ter assistentes próprios ou, pelo menos, entrar em grande nas respectivas áreas.

Sim, surgem muitos problemas fazendo as coisas assim. Mas, como toda a gente sabe, nada como atirar sexo às questões. Seja nosso ou dos outros.

When We First Met


Que final tão... Foi uma «saída airosa» muito pouco discreta. Maior parte do filme leva-nos a crer que Devine era suposto ficar com Daddario. O que não fazia sentido. Todos concordamos com essa parte. Daí a inventarem uma...

Raios. Não posso falar mais, se não spoilo o filme.

OK, o moral da história é: quem quer que seja que andou a escrever este filme, por certo chegou ali a meio e não tinha ideia nenhuma de como resolver o problema. Como é que o totó ganha a moça gira no final? Não foi fácil arranjar algo original. Convenhamos que muito já foi feito. Até que houve certo dia em que um(a) amigo(a) apontou ao/à autor(a) que, se calhar, a moça principal não era assim tão fixe quanto isso. O que é um paralelismo perfeito com Daddario. No papel, a moça é divertida e incrivelmente bonita. Só que houve ali um ângulo ou outro em que não pareceu assim tão bonita. Talvez seja só jogo de luzes. E é mesmo engraçada, ou tem só um sorriso engraçado?

Não é fácil para um homem responder a este tipo de questões. Assim como não é fácil perceber que raio aconteceu a este filme.

Sierra Burgess Is a Loser


Esta versão moderna do Cyrano irritou-me um bocado. Porque OK, a miúda é fixe e claro que merece um qualquer namorado que queira ter. Mas o certo é que só começou a falar com o cavalheiro, por muito que tenha sido por acidente, porque ele é atraente. Se fosse um gajo mal parecido a mandar-lhe mensagens do nada, ela não teria dado conversa. Porque é uma miúda inteligente, que sabe que não deve falar assim do nada com estranhos. Pode ser um qualquer pervertido. Quem sabe? Mas como o rapaz manda foto dos abdominais... porque não trocar dois dedos de conversa com ele, por muito que ele não saiba com quem está a falar?

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São 212 filmes vistos em 2019. Mais um que em 2014. Foi uma meta um bocado meh, depois dum mês dedicado a outras coisas.

Dragged Across Concrete


Ena ena. O Mel ainda anda aí para as corridas! Pensei que estava excomungado em Hollywood. Parece que há gente que ainda quer trabalhar com o tontinho, estando disposto a ignorar tudo o que de muito errado tem andado a fazer nos últimos anos. Há uma parte de mim que não consegue deixar de ficar contente a ver o cavalheiro. Ele tem carisma. Não há nada a fazer. Por muito que seja um idiota na vida real, vê-lo em cena... faz sentido. Acreditamos no que está a fazer. E, mais que isso, acreditamos que conseguirá fazer o que está determinado a fazer. O actor é óptimo. O homem é uma besta.

Dragged Across Concrete era o último dos filmes chatos que tinha para ver. Foi o último escolhido para fazer parte da minha equipa. Ninguém o queria. Eu fiquei pendurado com a «última escolha». E não é que surpreendeu? Não que tenha sido o MVP, mas portou-se muito bem. Foi um óptimo companheiro de equipa e ganhou uma ou outra jogada.

Serve isto para dizer que o filme está bem feito. Tem um guião interessante e esperto. Boa narrativa e uns diálogos irrealistas, mas extremamente aprazíveis. Boa surpresa.

sexta-feira, setembro 20, 2019

Boy Erased


Tem sido um mês muito atarefado, com outras prioridades. Não tem dado para ver filmes por causa disso. Mas também porque descobri uma série engraçada para «embaçar». E, acima de tudo, porque os filmes que tinha para ver são algo estupadas. Foi o refugo, do refugo do refugo. Não são coisas más. Estavam na lista por motivos específicos. Acima de tudo por respeito à obra de alguns dos intervenientes. Só que custa começar a ver.

Ainda passei por Wildlife, mas esse desisti cedo. Achava que ia desistir também de Boy Erased, só que... Houve qualquer coisa na mensagem de ódio para com as pessoas diferentes. A ignorância. A tacanhez. A simplificação de algo que não é complicado, mas também não é assim tão simples. Eu gosto do Edgerton, por exemplo, mas vê-lo a tentar convencer um grupo de jovens que a homossexualidade é uma escolha... Chiça, que o sangue começou a ferver-me nas veias e tive muita vontade de dar-lhe um par de estalos.

Foi estranho, mas este Boy Erased até encheu as medidas.

domingo, setembro 15, 2019

Eighth Grade


Filme bem cotado do ano passado. A cena que chamou-me a atenção, confesso, foi ter sido feito por um cómico. Um tipo que faz stand-up escreveu e realizou um drama sobre uma miúda adolescente, com todos os problemas inerentes que alguém com pruridos sociais, nos tempos que correm, tem. A moça é tímida, receosa e com complexos. Tudo derivado, acima de tudo, de questões de abandono. A mãe saiu de casa ainda ela era bebé. Não que seja um ponto presente na totalidade do filme. Aliás, é apenas referido numa cena. Mas como não ser afectado por uma coisa destas? O pai é querido e esforça-se, por muito que às vezes seja um pouco totó, mas uma miúda precisa do contacto e da comunicação duma mãe. Só ela saberá o que a miúda está a passar, na fase terrível de início de adolescência.

ugh

A adolescência. Quando mais tempo passa, mais calafrios tenho a pensar nisso.

Stan & Ollie


Nunca fui fã. Comédia repetitiva, baseada sempre na mesma coisa. Dou-lhes mérito. Há pormenores engraçados. Seriam trabalhadores, estou certo. Para o que havia na altura, têm todo o mérito. Já não são é para mim, ou para a minha geração. Curiosamente até há outras coisas da altura que até acho piada.

O certo é que não foi o filme a mudar-me as ideias. Ainda para mais sendo história de fim de carreira. Não só teve pouca piada, como foi deprimente.

Obrigado. Era claramente com este sentimento que queria ir deitar-me.

domingo, setembro 08, 2019

Hotel Mumbai


Estou em crer que fui enganado. OK, o filme estreou em Toronto, há um ano, precisamente. Mas depois estreou nos cinemas apenas este ano. Em que ficamos, meninos? Isto é coisa séria. Não é para brincadeiras. Só estou a ver filmes de '18! Raios partam os festivais.

Quem viu o de Rwanda, viu este de Mumbai. Os hotéis em filme são todos iguais. Uma cambada de idiotas com armas começa aos tiros. Matam e tornam reféns hóspedes e staff. Há umas pessoas no hotel (heróis?) que salvam a vida a outras tantas pessoas. Tudo muito intenso. Tudo muito surreal. Tudo muito deprimente e a fazer chorar a lagrimazita pelos que sobrevivem.

Como é que algo assim pode acontecer?

Sicario: Day of the Soldado


Tolerei - bastante bem, diga-se de passagem - o primeiro. Esta sequela parece-me forçada. A premissa é fraca e falta-me clarificação sobre a motivação de maior parte das pessoas. Toda a gente quer raptar a miúda. Toda - a - gente! E depois os soldados, que já fizeram muito pior, têm remorsos e não querem matar uma miúda irritante, com a mania. Pois que não pega. Comigo não pegou.

É por causa de filmes como estes que os Americanos têm tantas resistências face aos Mexicanos. Porque neste filme não há um único Mexicano que não se cruze com Del Toro e não tente dar-lhe um tiro. O que eu percebo, atenção. Quem nunca? E se calhar a questão é mesmo essa. Não são os Mexicanos que são todos bandidos. Ninguém gosta é do Del Toro.

Nunca pensei sentir tanta afinidade com um país que não fosse o meu.

sábado, setembro 07, 2019

Searching


Já estava para ver isto há algum tempo. Vi o trailer e fiquei impressionado. A história é relativamente simples. Uma miúda desaparece e o pai procura por ela. A narrativa é que é feita de forma muito particular. Vemos tudo através do ecrã do computador. É algo que já foi feito, atenção. Há pelo menos um episódio de Modern Family assim. Estou certo que houve outros exercícios semelhantes entretanto.

Searching surpreende porque somos agarrados desde o início. Desde os primórdios dum Windows básico, até às modernices de iMessage e Facetimes. Vemos tudo o que se passa na vida deste cavalheiro, na sua busca incessante pela filha.

Muito bom trabalho.