quinta-feira, fevereiro 28, 2019

Allied


Brad Pitt nasceu tarde demais. Era ter nascido mais cedo e tinha derrotado os porcos dos nazis sozinho. E Cotillard? Se não é a maior espia da história, não sei quem seja.

Com isto termino a edição de 2017 dos Óscares. Há uns dois que recuso-me a ver e hoje ainda tentei o Nocturnal Animals e o Silence. Não consegui ver qualquer um dos dois. Nem sei como tentei o segundo sequer. Entre Scorcese e padres «portugueses» no Japão... A sério, há coisas que não sei como chegam a ser feitas.

Havia mais para dizer de Allied, mas estragaria o twist, que foi bastante bom, diga-se de passagem.

Fences


Fences é uma peça de teatro. Não é um filme. É uma peça de teatro. Será muito boa, por certo, mas a ganhar prémios deveriam ser Tonys e não Óscares. Não que Viola Davis não mereça. A mulher merece tudo. Grande, grande actriz. Mas, mais uma vez, para ficar completamente claro:

peça
de
teatro

Ou não tivesse um chorrilho de discursos longos, linguagem essa mais adequada ao palco, nem tanto à tela. E porque tem esses discursos? Para fazer Denzel brilhar e, quiçá, ganhar uma, ou mesmo duas estatuetas. Não aconteceu. Ainda bem.

Não precisava de ter visto esta peça de quase duas horas e meia a provar que Denzel é um idiota. Eu já sabia isso. Quem não sabe?

terça-feira, fevereiro 26, 2019

Hacksaw Ridge


Hacksaw Bridge conta a história de como um tipo queria ajudar com a guerra, mas não queria matar ninguém. Não queria sequer pegar numa arma. Lá arranja maneira, faz o treino militar a levar na cabeça o tempo todo (algumas vezes, literalmente), participa numa batalha como apoio médico... e salva uma data de gente, sendo o primeiro «não combatente» na história a ser distinguido com a Medalha de Honra dos EUA. Ah, e casa-se entretanto.

Sim, contei tudo o que acontece. E então?

Não, não é spoiler. Esta é a história. Foi algo que aconteceu. Foi assim que aconteceu. Isto é apenas a dramatização do que aconteceu. OK, com mais ou, se calhar, menos tirinhos. Spoilaria se contasse como o Vaughn imitou todos os drill sergeants da história de filmes de guerra, gritando mais que eles todos juntos, e acabou por só parecer profundamente ridículo.

ups

segunda-feira, fevereiro 25, 2019

Lion


Chiça, já não via um gajo tão obcecado a olhar para um portátil desde o Don Jon.

E, para não variar, voltei a não reconhecer Rooney Mara. Não sei que se passa comigo e com esta moça. Nunca consigo identificá-la. Acho que ela poderia cometer todo e qualquer tipo de atrocidade à minha frente. Eu nunca serviria como testemunha. Mas chiu, não lhe digam isso. Não sei se posso confiar em alguém cuja cara não consegue ter qualquer distinção visível, aos meus olhos.

Sim, são só tontices que tenho para dizer. Apesar de ser uma história de vida notável (em especial a participação dos pais australianos), é um tipo na net à procura da aldeia onde viveu em miúdo, antes de se perder. E conseguiu encontrá-la, felizmente. Mas... se calhar fazíamos um filme sobre a malta que inventou o Google Earth. Ou os satélites. Não? Que tal fazer um filme sobre um tipo que passou duas semanas de férias a jogar World of Warcraft? Ou sobre o tipo que passou o fim-de-semana a ver filmes de Óscares?

OK. OK. Já percebi. Passei o limite.

Loving


Para uma típica história do sul dos EUA, nada como ter um casal com uma moça nascida na Etiópia e criada na Irlanda, e um Australiano de gema. Ambos extremamente talentosos, entenda-se. E com experiência neste tipo de papéis. Mas se era para fazer isto, era mesmo preciso ir tão longe. É gente simples, que mal fala. Quando falam têm sotaque do sul. Não é assim tão complicado.

A história, por muito que importante, parece-me mal contada, ou então simplesmente não tem assim tantos detalhes, que justifiquem um filme. OK, foi tirânico expulsar o casal do estado, afastando-os da família, proibindo-os de viverem onde querem viver. Mas não havia grande razão por não querer viver em Washington. Às tantas a grande razão da mudança de volta para casa, ou para perto de casa, foi porque um dos filhos foi atropelado... porque atravessou uma estrada a correr, para ir buscar uma bola e não olhou para os dois lados. Chiça, nem para um lado olhou, quanto mais os dois. Mas é isto. A cidade é um sítio terrível porque os miúdos não podem ignorar regras.

Depois mostra-se que os advogados estão muito mal preparados para o caso (péssimo casting, já agora), mas nunca se vê como dão a volta à coisa. «Ah, pois, isto é difícil. (...) Não, não é. Estava a brincar. Ganhámos o caso!» Até as imagens românticas do casal não têm nada a ver com a realidade que é, como todos nós sabemos, bem mais trapalhona que qualquer filme.

Sei bem que na vida há muito mais a acontecer. Nada é nunca linear. O que digo não é que a história não tenha mérito. Só fiquei com impressão que não valia a pena fazer-lhe um filme. Em especial este.

domingo, fevereiro 24, 2019

En Man Som Heter Ove


Depois de passar mais um dia bonito no sofá, com a roupa que acordei a começar a colar ao corpo, a ver filme atrás de filme, nada como terminar vendo a história dum velho rezinga com um coração gigante.

O velhote é uma mistura de Up com o Sheldon. Não me lembrei de melhor referência para OCD irritante, com um pouco de «mania de ter sempre razão». Também não ajuda ter visto o actor que faz de Sheldon no filme anterior. O certo é que é o maior. Não o Sheldon. Esse já viu melhores dias. Falo do velhote deste filme, o Ove.

Ove rege o seu bairro como o melhor dos tiranos, não deixando animais fazerem as suas necessidades e gritando com qualquer pessoa que ali entre e não respeite as suas... errr... as regras do bairro... que foram estipuladas e instituídas por ele e um outrora melhor amigo. Pensar-se-ia que Ove fosse alguém de quem ninguém gosta, mas o certo é que teve uma esposa amorosa, adorada por todos. Por quem Ove fazia tudo. E era merecido. Ela trazia o melhor dele ao de cima. Pena que entretanto tenha morrido. Agora Ove só tem fel dentro do corpo gigante. Até aparecer uma vizinha grávida, muito mau feitio. A única ali que entende o velho, respeitando as suas atitudes.

Foi bastante divertida, esta aventura Sueca.

Hidden Figures


O Mahersala tem aqui mais tempo em cena. Entre as duas interpretações, deve ter conseguido despachar dois filme numa semana. O rapaz também tem estado em todas, nos últimos anos.

No post sobre o First Man disse que não tem muita piada ver filmes sobre os bastidores de grandes feitos. Neste caso específico não considerava ser assim tão interessante ver pessoal a fazer contas matemáticas. Claro que se incluirmos na mistura umas quantas batalhas contra segregação e, em especial, três mulheres a batalhar por oportunidades nas áreas de matemática, engenharia e computação (entre outras), conseguindo deixar a sua marca na NASA...

Convenhamos que assim a história ganha algum interesse.

Moonlight


ahahahahahahahahahaha

O Mahersala ganhou um Óscar por este filme? A sério? Ele esteve em cena cinco minutos. Se tanto!

Não é que não mereça. É muito bom actor. O papel é óptimo. Mas não estou a exagerar. Cinco minutos. Tenho é pena dos outros actores, na mesma categoria. Coitados. Deve ser muito frustrante. Trabalhas no duro durante o filme todo. Fazes um bom trabalho. E depois perdes para um tipo que despachou a interpretação num fim-de-semana. Talvez menos tempo.

É só mais uma daquelas coisas ridículas da Academia. Nada a fazer.

Manchester by the Sea


Percebo a escolha de Casey Affleck para «gajo mais deprimido do mundo». Começa com o nome.

Para já, chama-se Casey. Nada a fazer aí. O último nome também não ajuda, ou não fosse irmão dum Affleck bem mais conhecido e popular. Depois, é da zona de Boston e não tem como escapar do sítio. Os seus filmes mais reconhecidos passam-se todos lá. E Boston é uma zona fria de c0r#0s. Como não estar sempre em estado letárgico de depressão?

Não fiquei maravilhado com MbtS. Ao menos é uma história original, se bem que vejo perfeitamente esta rapaziada roubar pormenores ou histórias no seu todo a pessoas do bairro. Malta de Boston não é flor que se cheire.

20th Century Women


Decidi continuar com os filmes nomeados para Óscar. Pelo menos por enquanto. Acho que durante Fevereiro faz algum sentido. E se não aproveitar o embalo, nunca mais vejo estes filmes. Dos Óscares deste ano já vi praticamente tudo. Dos do ano passado e do anterior falhei bastantes coisas, por causa do turbilhão que a vida levou. Vou tentar ver pelos menos os principais. Mas sem obrigações. Se, em qualquer momento, vir que o filme não vale a pena, nem o termino.

Independentemente desta conversa, gostei de ver 20th Century Women, por muito que achasse que ia ver outro. Muito bem interpretado, com um belo elenco, toca em alguns pormenores importantes de época (1979, entenda-se; ou seja, entre uma e outra), mas sem se focar apenas nisso. Aliás, o bom do filme será essa parte: conseguir juntar uma data de assuntos, sem ser uma salgalhada. Desde punk até feminismo, passando por questões de adolescência, sexualidade feminina e masculina, o papel da mulher na sociedade em várias etapas, a frustração de ser constrangida por estereótipos da sociedade, maternidade, etc.

Foi engraçado de se ver. E agora sinto-me na obrigação de ver o vencedor do Óscar desse ano, na categoria em que 20thCW estava nomeado.

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Isle of Dogs


...Isle of Dogs.

Tinha saudades tuas, estimado Wes. Onde é que o meu amigo tem andado? OK, sim a fazer este delicioso filme cujo título é uma brincadeira, porque se dissermos o nome muito rápido parece que dizemos «I love dogs». ❤

A história desta aventura, na ilha mais incrível de sempre (mesmo estando cheia de lixo), está cheia de peripécias, surpresas e momentos «Wes Anderson» puros. Ainda para mais com um excelente elenco, algo ao qual já estamos habituados. Poderei estar a ser tendencioso, mas gostei mesmo muito de ver este filme. E não sei se serei mais tendencioso pelo Wes ou pelos cães. Era terem posto um cozido no enredo e tinha sido o filme mais feito de propósito para mim, de todos os tempos.

Infelizmente não creio que Isle of Dogs termine este fim-de-semana com qualquer estatueta. Os coleguinhas de categorias são muito fortes, este ano. É pena, porque merecia.

quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Ralph Breaks the Internet


Li há um par de dias que o júri da Academia, no seu geral, tem um grande desdém por filmes da animação. Não consideram ser «verdadeiro cinema». Como tal, e apenas e só para não ser um voto em branco - imagino que haja alguma obrigação em votar -, votam na Disney, estúdio comummente associada ao género. Não que não produzam coisas de qualidade (especialmente depois de terem comprado a Pixar), mas isto justifica alguns anos em que não mereceram assim tanto a estatueta.

Polémicas à parte, esta sequela está muito divertida e maravilhosamente bem animada. Aliás, para sequela não está mesmo nada má, porque dá um crescimento constante aos personagens. O que achei do primeiro Ralph - e que continuo a achar agora -, é que a criatividade abunda. A capacidade de fazer tão facilmente o paralelismo entre o nosso mundo e um possível mundo em que os personagens dos videojogos vivem só por si, é algo que me surpreendeu em ambas as instâncias.

Acontece que Ralph 2 tem uma concorrência fortíssima este ano. Não só daquele que toda a gente considera ser o vencedor, como de...

terça-feira, fevereiro 19, 2019

Mary Queen of Scots


I should like to marry again, to know how it feels to have a man fully. But not if I am owned. - diz ela, enquanto as criadas lhe limpam o sangue menstrual escorrido perna abaixo.

Ironia parece ser a palavra de ordem da selecção deste ano dos Óscares. E obrigado, Hollywood, por conseguires tornar uma criatura como a Margot Robbie menos atraente. Já não bastou o que fizeram à Charlize, agora é isto. Ok, ainda não conseguiram fazer o inverso pela Saiorse, pelo que estará mais ou menos equilibrado, mas também... se é assim tão difícil, porque continuar a tentar?

Mais um exemplo do Homem, sempre na tentativa do impossível.

Mary Queen of Scots não se pagou, mesmo depois das nomeações para os Óscares, o que acho delicioso. Que está a fazer na lista com os outros? Poderá pois premiar pessoal talentoso que trabalhou bem, num filme que não merecia ter sido feito.

segunda-feira, fevereiro 18, 2019

First Man


Ora aqui está a eficiência de Hollywood a vir ao de cima. E dizem que os americanos não pensam no futuro.

Não sei quantos anos depois, não é que Hollywood lança um filme sobre aquele vídeo que fizeram, sobre o homem a chegar à Lua? Devem ter aproveitado os mesmos cenários e geringonças. Se bem que, neste caso, os avanços de tecnologia, em termos de efeitos especiais, terão prejudicado as filmagens. Aquele vídeo dos anos 70 tinha um aspecto muito mais real da Lua. Este está tudo demasiado bonitinho. Acaba por ser bastante menos credível.

Foi um feito tremendo. Um dos maiores da história. Alguns dirão o maior. É possível que o seja. Merecia um filme? Há razões para as quais não se fazem filmes das finais de Mundiais, Superbowls e afins. São momentos épicos, marcantes para uma data de gente, cheios de emoção. Mas ninguém quer ver um filme sobre os treinos e como os jogadores estavam ou não nervosos, sobre quem estava a pensar sair ou renovar contrato. Os jogadores e o antes não são assim tão interessantes. Ver uma data de matemáticos, físicos, ou os referidos astronautas, a fazer contas e a preparar um lançamento... Não, isso não é interessante. Posso querer ver a Torre de Pisa. Não quero ver representada em cinema a sua construção.

Este filme não foi interessante. Apesar de relatar um momento tão importante na nossa história. Acreditem em mim, pois após não ganhar nada nos Óscares, a História dar-me-á razão.

A Quiet Place


Ah, que coisa horripilante!

Krasinski, não estou habituado a ver-te fazer este tipo de coisas! Volta lá às comédias e aos bons filmes americanos, que este Place foi assim um bocado para o assustador. Eu culpo a Blunt. O rapaz não fazia nada destas coisas antes da aparecer em cena com a esposa. Claramente é uma péssima influência no nosso menino.

Faz todo o sentido que Place esteja nas listas dos melhores filmes de 2018. Está muito bem conseguido. Temos de ignorar toda a questão do som. É uma parvoíce que os bichos oiçam ruídos a longas distâncias mas não oiçam batimentos cardíacos acelerados, ou respirações ofegantes. Eu estava lixado e não sobreviveria uma noite, com a forma como ando a ressonar hoje em dia. Essa é certa. Mas efectivamente teríamos de nos adaptar a um estilo de vida completamente diferente, porque aquela coisa de viver numa casa de madeira... Epá não. Madeira range por tudo o que é sítio.

Não quero focar-me só no negativo. Teria de estar aqui ainda mais uns quantos parágrafos a reclamar como este deu origem ao Bird Box, filme que parece-me ser só uma ideia estúpida. Fiquemos pelo positivo. A Quiet Place está bem feito e faz-nos estar sempre em tensão. É esse o objectivo, completamente atingido.

domingo, fevereiro 17, 2019

The Ballad of Buster Scruggs


Os Coen têm muito de produtivo. Nem tanto de talentoso. Ou melhor, e para não ser injusto, meto-os ao nível doutro grande e também mui profícuo: Woody Allen. Nem tudo o que o neurótico rapaz faz, está ao nível da genialidade. Quando se faz muito, ou até mesmo tudo o que se quer fazer, nem sempre se acerta.

Buster Scruggs é um conjunto de histórias independentes, passadas no «Velho Oeste». Ou como eu o vi: um claro aproveitar de cenários e roupa perdidos no meio dos lotes das produtoras, que já não servem para grande coisa. Ou, para ser mais claro, é um livro de contos (não acredito que fiz esta comparação). Até quero dizer que houve pormenores que se aproveitam - haverá, por certo -, só que acontece que acabei de ver os vinte minutos finais na manhã seguinte, no telemóvel, ainda na cama, só para despachar a coisa.

Poderá confirmar, mais uma vez, que não sou fá de westerns. Talvez seja isso.

quinta-feira, fevereiro 14, 2019

First Reformed


Não estava a ser mau. O Ethan estava a dar uma intensidade porreira ao filme E estava ainda a dar para matar saudades dum cavalheiro que respeito e que fez coisas que marcaram o meu «eu cinéfilo». Mas o final deste filme é pavoroso!

Não é só o momento final. A partir do momento que fazem a cena da levitação com a Amanda... Que foi aquilo? De onde veio? Para onde queria ir? Porquê?

Foi trágico demais.

At Eternity's Gate


A vantagem deste tipo de filmes biográficos é que acabo sempre por descobrir um pouco mais sobre personagens famosas. E vou depois pesquisar um pouco na Internet, ver a veracidade do que é apresentado no filme, só por curiosidade.

Neste caso foi mesmo a única vantagem. Só por respeito ao Willem terminei de ver o filme. Pouco se aproveitou, porque não houve nada verdadeiramente interessante posto em cena. Aliás, o filme até é demasiado brando com o artista. Embora vejamos algumas atitudes mais irascíveis do pintor, não vemos nem metade do que andou a fazer, nos seus momentos menos «lúcidos». Nem sequer vimos o gajo a cortar a própria orelha.

bleh

The Wife


Logo ao início fiquei intrigado sobre a razão de fazer-se este filme. É sobre um escritor ganhar o Nobel literário. Não me pareceu grande assunto, mas o mais curioso é que o filme é sobre a esposa e não o escritor. Fui ler o resumo. Não fiquei elucidado. Refere que a mulher pondera sobre a sua própria vida, durante a entrega. Será tão bom momento para o fazer, como qualquer outro, é certo. Mas qual a relevância cinematográfica?

The Wife teve uma data de lançamento tardia. Supostamente para que Close pudesse ser candidata aos Óscares. Sabendo isso, o filme, a história em si, perde algum protagonismo. Para mais, muito do elenco não está propriamente à altura. Por serem inexperientes. Dois dos mais novos são filhos de actores famosos (no caso, da própria Close e do Jeremy Irons). O realizador também se estreia em grandes produções com este filme. Nota-se, já que o tom é mais teatral que cinematográfico. Imagino que, mais uma vez, para poder realçar o tipo de representação da grande estrela do grupo. Tudo isto acaba por ser irónico só por si, tendo em conta a história.

Sim, Close faz um grande papel, embora seja muito do que já nos habituou, se formos honestos. Merecerá? Se ganhar, será um daqueles casos em que a Academia dá um prémio mais pela carreira, porque Close já merecia o raio da estatueta, em boa verdade. Será um pouco injusto para as demais nomeadas, mas que ninguém tenha dúvidas que é, de facto, uma óptima interpretação, numa narrativa que trabalha bem o twist que justifica tudo.

No final acabei por ficar muito curioso sobre como seria a vida destes personagens depois deste episódio. Olha, podiam fazer uma sequela, não? Será que daria para um franchise?

segunda-feira, fevereiro 11, 2019

If Beale Street Could Talk


I guess you call your lust for action love.

Uma frase destas é o que se costuma chamar, na gíria do futebol, como uma «entrada a pés juntos». Foi o começo da reacção da mãe paterna à notícia que ia ser avó. A partir daí foi um chorrilho de insultos e parvoíces ditas, que me fez pensar que esta senhora deveria ser escolhida como a próxima vilã dum filme da Marvel. Para qualquer papel. Seja um novo Dr. Doom, outra iteração do Red Skull, ou mesmo do Galactus. Porque Jasus, esta mulher tem muita ruindade no corpo. Ou melhor, a actriz - que acredito ser uma jóia de moça - tem tudo para fazer o sangue ferver a qualquer pacato ser humano.

Foi o começo do filme. E fez-me imediatamente pensar que será dos melhores que vi até agora dos Óscares deste ano. O filme não desenvolve tão bem, infelizmente. O resto não está ao nível deste início. O que não seria fácil de fazer, convenhamos. Mas os personagens estão fortes, apesar da pior interpretação da actriz principal, face aos demais. A nomeação... Antes dizer os «louros» prestados a Regina King pela interpretação são mais que merecidos. Faz sentido que tenha ganho o Globo. E não sei se não será a minha aposta na categoria.

Já a personagem fez um péssimo trabalho de convencer a outra a regressar aos Estado Unidos, mas isso em nada tem a ver com a sua interpretação. Antes pelo contrário.

Can You Ever Forgive Me?


Melissa McCarthy este ano tenta entrar num reduzido leque dos profissionais da sétima arte. Claramente procura ganhar um Óscar e um Razzie, tudo ao mesmo tempo. Infelizmente creio que terá de se esforçar um pouco mais. Para o Óscar teria algumas possibilidades, não fosse ter uma senhora consagrada na sua categoria, que este ano terá feito de tudo para ganhar. Já com os Razzies nunca se sabe bem o que pode acontecer. Consta que o seu filme com fantoches é forte candidato, mas o certo é que andam a fazer muita coisa má em Hollywood. Mais difícil do que ver toda a lista de nomeados para os Óscares será conseguir ver todos os maus filmes candidatos aos Razzies.

Já agora, malta dos Razzies, eu estou aqui, se precisarem de ajuda.

Melissa faz um bom papel aqui. Um personagem algo execrável, a quem acontecem coisas más, sem que eu consiga ter muita pena dela. Maior parte do que lhe acontece é inteiramente culpa própria. A surpresa, no final, foi eu descobrir que esta moça existiu... e alguém achar que seria uma história merecedora de passar na grande tela. O que tem piada, tendo em conta que a personagem de McCarthy louvava o trabalho de personalidades já esquecidas pelo mundo em geral. Em boa verdade, a própria acabou por ter mais protagonismo que essas mesmas personagens.

McCarthy, estou a torcer por ti, hein. Pelo Razzie. Para o Óscar acho que não tens muitas hipóteses, embora merecesses mais, se calhar.

sábado, fevereiro 09, 2019

Roma


O plano da poia a ser esmagada pelo pneu do carro.

Há algum tempo fui jantar com uns amigos. Um deles já tinha visto Roma e falou sobre o filme. Muito disse. Terá feito um discurso desenvolvido. O certo é que lembro-me perfeitamente dele ter brincado com este plano específico. Claro que ao ver o filme não tive como não esboçar um sorriso quando deu essa cena.

Roma é muito bonito. Ajuda ser todo a preto e branco. Ajuda muito. Pois tudo a preto e branco fica sempre melhor. Mas nem é essa a arma mais forte do filme. O realizador usa e abusa dos planos corridos. São maravilhosos. E ter toda aquela acção a decorrer, à medida que a câmara vai acompanhando alguns dos personagens, é estonteante. É um trabalho notável de ter tanto a acontecer em meros segundos. É de louvar. Mesmo. Só que...

Há sempre um «só que».

Talvez sejam demasiados. Talvez. A certa altura tornamo-nos insensíveis. É como comer nada senão bifanas durante uma semana. Para o fim já não ligamos ao maravilhoso que é a simples sandes. O mesmo se passa em Roma. Dei por mim a revirar os olhos com o raio do último plano corrido na praia. E a cena em si era suposto ter um peso tremendo na história. Distraiu-me. E fez-me desligar da cena, do filme, da angústia da personagem.

Posto isto... Sim, o filme é maravilhosamente bonito, mas é só isso. A história não é incrível. As representações estão ao nível do que nos habituou o cinema europeu durante anos. Ou seja, expressões faciais desprovidas de emoção, à boa moda do teatro ou de casos em que o realizador gostava da face de alguém que não era actor/actriz. Lamento, mas não acho a obra prima que se anda por aí a pintar e que, ou muito me engano, enaltecer-se-á ainda mais na cerimónia dos Óscares.

Cuarón e a sua equipa merecerão estatuetas. Só não tentem convencer-me que é um grande filme. É um videoclip muito longo. É uma pintura que vemos na parede dum museu. Nada mais.

E porque raio chama-se Roma?!

The Favourite


Creio poder já dizer, face ao que me falta e ao que já vi, que esta foi a surpresa deste ano. Para mim, entenda-se. Algumas pessoas poderão ter sido alegremente surpreendidas pelo Black Panther, por exemplo.

Conheço parte do trabalho do realizador, que tende a ser algo... excêntrico, digamos. Esperava algo semelhante de Favourite. Temia o pior, mesmo. Não o foi. O filme até se vê bastante bem e será, talvez, a história mais «linear» com a qual já nos presenteou. Muito do bom que encontramos no filme tem por base o trabalho excepcional das três actrizes. Todas elas principais, entenda-se... embora haja pessoas por aí que não vêem as coisas dessa forma.

Vice


Ver este tipo de coisas é muito deprimente. A maneira como é mostrada a coisa dá a entender que era possível fazer melhor. Não foi por falta de aviso ou de sinais. Acontece que quem estava no poder queria que assim fosse. E enquanto houver pessoas deste calibre no poder, com a capacidade de enganar o povo, continuaremos neste marasmo assustador, em que palermas de bronze falso fazem o que lhes dá na telha, sem qualquer consequência.

Estou longe de ser o melhor gajo para andar a passar mensagens políticas. Nem é muito assunto deste blogue. Verbalizei o que me ia na alma. Sobre o filme não há muito a dizer, quando tanto talento abunda, numa equipa que já tinha dado cartas antes, seria complicado fazer algo que não fosse bom. Surpreende-me o acesso à informação, e como é permitido que o filme seja feito. A mensagem que eles passam é de loucos. Que afinal quem tomou as decisões e quem era o verdadeiro líder foi o vice, e não o presidente. Não choca, porque todos sabemos o palerma que é o presidente de então. Mas é permitido fazer este tipo de insinuações? Para os visados é uma situação pacífica? O filme é bastante claro: o vice entrou numa guerra porque lhe interessava a ele e à empresa que lhe dá dinheiro. Muitos soldados morreram e estão a morrer, todos os dias, por este interesse. Ele cria uma rede de notícias para que estas sejam dadas sob interesses superiores. Não há consequências? O povo continua a deixar-se levar?

Como dizia: deprimente.

Mas dêem lá o Óscar ao Bale. O rapaz merece. E lá fará um daqueles discursos a chamar a atenção para os factos, só para aparecer nas notícias no próprio dia, e ser esquecido de pronto.

sexta-feira, fevereiro 08, 2019

Green Book


Mais uma nomeação para Mahersala, que a merece, sem dúvida. Mas acho ridículo que se volte a considerar o seu papel de «secundário». Especialmente quando Viggo está nomeado para «principal». São os dois principais. A história é sobre ambos, como estas pessoas (sim, é baseado em pessoas reais) andaram pelo sul dos EUA, uma zona ainda muito conhecida pela sua fraca tolerância a pessoas de cor. Uma história corajosa, em que a pessoa que Mahersala interpreta procurou diminuir as distâncias entre «as cores», através do seu talento musical.

Parece que a Academia não viu bem o filme. E continua a ser ridículo nos Globos de Ouro manterem a parvoíce de alguns filmes serem considerados comédias ou musicais. Para quando uma mudança? Para quando o exemplo? Ainda estamos longe, infelizmente.

quinta-feira, fevereiro 07, 2019

A Star Is Born


Sim, é oficial. Estou a ver os filmes nomeados para Óscar deste ano. Em causa estão prémios e glória para a minha pessoa. Não, nada disso. Estou só numa desequilibrada e desinteressante disputa com a minha senhora, para ver quem acerta mais nos vencedores. Fizemo-lo o ano passado. Teve alguma piada. Este ano ela não parece estar muito para aí virada, mas eu não tenho muito mais que fazer, hoje em dia. Restam-me estas palermices.

Star is Born será dos que mais me custa ver. Odeio a ideia, conceito... tudo à volta deste filme, que é demasiado «americano» e para lá de «filme de óscares». Tem tudo o que a Academia adora, salvo o Holocausto. Se bem que tem uma «actriz» com um nariz belissimamente saliente, embora não seja a sua faceta mais presente no filme (não falo da voz).

O pior de tudo, o que me tira verdadeiramente do sério em relação a este filme, é ser o terceiro remake. É a quarta versão desta história. O original saiu em 1937, o primeiro remake em 54 e o segundo, com Streisand, em 76.

Quem é que se lembrou de fazer mais uma versão disto? Quem achou que desta é que levavam os Óscares todos, digamos assim? Em todas as versões foi nomeado, mas nunca ganhou muita coisa. Melhor guião duma vez e melhor música com a Streisand. Será que o Cooper achou que seria assim que ganharia o raio da estatueta?

E lamento, mas tenho razão. O filme é fraco. História remendada, feita com os pés, com saltos despropositados. Gosto muito de Cooper, ou não fosse o meu guaxinim preferido, mas não lhe dou mérito por ter feito esta salgalhada. Ainda para mais para dar ainda mais tempo de palco a uma não actriz. Não andei a bradar aos céus quando inventaram a Cher como actriz, não vou ficar contente com agora terem inventado a Gaga.

Se ganhar coisas não fico surpreendido. Não necessariamente por este papel, mas diria que o Sam Elliot até merece distinções. Mas se ganhar muito mais que isso vai dar-me mais umas voltas ao estômago.

BlacKkKlansman


O filme conta a história de como um polícia negro infiltrou o KKK nos anos 70. Pelo menos é o que se conta por aí.

Ao ver o filme percebemos que há toda uma equipa envolvida neste caso. Mais, há um polícia judeu que faz as vezes do polícia negro, ao vivo. Ou seja, uma pessoa finge ser alguém ao telefone, com a outra pessoa a fingir ser esse mesmo alguém em pessoa.

E a ironia disto é que houve uma distinção sobre os dois actores, no que concerne aos prémios deste ano. O actor que faz de polícia negro é, de facto, um pouco fraco. Não faz um papel por aí além. Percebo porque não tenha sido nomeado para nada. A minha dúvida recai sobre o actor que faz de polícia judeu. Por que raio é que Adam Driver é considerado «secundário»?

A não ser que o outro também seja considerado um papel secundário, esta é uma belíssima discriminação. Mais uma daquelas belas ironias, só ao nível dum Hollywood «politicamente correcto».

terça-feira, fevereiro 05, 2019

Christopher Robin


Muito querido e simpático, este filme.

Não foi o que esperava. Pensava que era mais uma daquelas histórias enfadonhas do homem por detrás das histórias. Que íamos ver como era o criador do Winnie e companhia, o que o tinha inspirado, yadda yadda yadda. Afinal não. As criaturas existem. Todo o imaginário existe. E, vá-se lá saber porquê, o palerma do Robin preferiu crescer e tornar-se um adulto chato, em vez de continuar a viver também neste mundo mágico, ele e a família.

Para alegria do espectador, a sorte é ser um filme da Disney, pelo que poderão contar com um final feliz.

Bohemian Rhapsody


O Freddie Mercury era gay?!

Claro que sabia. Quem não sabe? Mercury gay e o Darth Vader ser o pai do outro são os «segredos» menos bem guardados da história. Confesso que não sabia que era Paquistanês. Só por isso já valeu a pena ver este documentário.

Porque convenhamos que é o que BR é: um documentário. Prova disso é o concerto no Live Aid ser mostrado inteiro. Queen era uma banda muito boa ao vivo, pelos vistos. Basta mostrar essa parte, onde Mercury soltava a franga e mostrava-se completamente ao mundo. E eles brilhavam. Tudo o resto já se viu, vezes e vezes sem conta. Ou não fosse a vida de Mercury o clichê absoluto da típica banda de rock.

Ora façamos a lista:
- Começar no fim, só para voltar-se atrás na história, para mostrar como chegaram àquele momento.
- Rapaz tímido mas talentoso, que junta-se a outro pessoal talentoso, um pouco por acaso ou, como é costume nestas coisa, por destino.
- Juntam-se mais tarde outros para completar a banda, que parecem inócuos, mas não o são... embora só apareçam lá atrás, sem grande destaque.
- Um produtor idiota que não gosta das inovações e quer que eles ajam consoante as regras, só para a banda o largar e ele ficar conhecido pelo que perdeu.
- A teimosia e as brigas a produzirem algumas músicas icónicas.
- Um amor que não pode ser correspondido, e um amor que acaba por ser.
- Uma vida de caos, que acaba em tragédia, quando afinal o que a estrela queria era a vida normal que não conseguia ter.
- Uma «Yoko» desta vida a acabar com a banda, por causa dos seus esquemas e da influência que não devia ter com a estrela.
- Uma carreira a solo que não faz sentido.
- Um momento dramático, de viragem, que o faz ver os erros e voltar ao caminho certo.
- Redenção.
- A família que finalmente o aceita.
- Gatos.
- Reúnem-se para um grande concerto, porque é o que toda a gente quer, afinal. E são as estrelas, salvando a coisa, pois claro.

Tudo CHECK. Tudo aconteceu, embora talvez não na ordem certinha que um filme precisa. É um belo documentário, sim. Eu aprendi algumas coisas que não sabia. Mas não passa disso.