sexta-feira, janeiro 17, 2020

Terminator: Dark Fate


Pobre coitado deste Terminator. Sofreu com a má reputação dos que vieram antes dele, e nem o tamanho sucesso dos dois primeiros conseguiu dar-lhe força para atingir valores decentes nas bilheteiras. Pagou-se. A nível mundial, supostamente pagou-se. Mas isso não chega, hoje em dia.

É o melhor, dos últimos. Não chega aos calcanhares dos primeiros, atenção. Mas ao menos não é uma salgalhada desmesurada, que só insulta quem é fã do franchise, assim como qualquer novo espectador. Só não é grande coisa porque acaba por ser também uma espécie de remake. O que nos leva ao problema actual.

Há grandes filmes dos anos 80 e 90. É normal que, no mundo em que vivemos, em que os franchises dominam os cinemas, que se tente revitalizar/recuperar estes universos. O problema é para quem, exactamente, estão a fazer os filmes. Remakes só por si não funcionam, precisamente porque estas histórias tiveram o seu momento. Foram um sucesso quando saíram. Não é líquido que voltem a ser um sucesso 20 anos depois, para uma nova geração, num mundo diferente. É um risco tão grande como pegar num mau filme daquela época e esperar bons resultados.O risco é o mesmo. Porque os públicos são diferentes.

Os fãs de então ainda estão vivos. É o argumento que justifica que se façam sequelas e não remakes. Só que os fãs querem os mesmos actores, a continuidade dada à mesma história. E, não só, custa-lhes ver uma narrativa muito diferente do que conhecem. Ver o Arnaldo a fazer de Terminator outra vez é giro, mas em que é que isso adianta a história?

É a mesma questão com os Star Wars, Blade Runners e os MIBs que se andam a fazer. Para quem são, afinal? Para o velho ou novo público? Porque nesse limbo entre os dois estão a perder-se bons universos.

A título de exemplo, faz sentido que uma série como o Riverdale, como está a ser feita, tenha sucesso. É para um público novo, que não conhece nada do material de origem. Tem uma narrativa e realização modernas. Já os filmes baseados em BD têm sucesso porque não houve versões na década de 90 a criar problemas de continuidade, independentemente do material de origem ter décadas de histórias.

Por muito que Hollywood queira esmifrar estes velhos franchises, não acredito que venha a sair nada de jeito desta forma. Talvez daqui a 30 ou 40 anos, quando eu e o meu povo já não contarmos para a estatística, seja possível ver remakes bem feitos, que levem sequelas e a sucesso comercial. Até lá, convém Hollywood dedicar-se a coisas originais, para pouparem na carteira e para não nos destruírem ainda mais o coração. 

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