Fugiram demasiado à série.
É o que fica. É a sensação que fica. Aquela sensação de desconforto, de desconfiança. Aquela sensação que alguém esteve a dormir na nossa cama, embora esteja mais ou menos igual ao que deixámos de manhã. Alguém esteve a brincar com os nossos brinquedos e, apesar de estarem iguais, não é a mesma coisa. Estava tudo lá. Todo o potencial para um óptimo filme de acção bandeiroso estava perfeitamente ao alcance. Era só colher o manancial de potencial que a série já tinha. Havia gajos loucos. Todos, sim. Havia humor a rodos. Há tiros. Acção. Carros a virarem-se na estrada com (e talvez, mas não obrigatoriamente, devido a) explosões. Artimanhas. Histórias com desenlaces previsíveis mas, mesmo assim, divertidos. Mulheres atraentes. Medos de voar. Amizade. Já referi os tiros? Há charutos! Para quê inventar? Havia necessidade do Face criar um plano? Claro que não! E depois há a questão dos actores. Têm a ver e não têm nada a ver. Sim, são pessoas diferentes e, como tal, serão sempre um bocadinho «ao lado». Mas tanto ao lado? Demasiado ao lado, parece-me. Não consegui delirar com nenhum deles. Acho que só o gajo que fazia de B.A. terá tentado ser o Mr. T. E falamos do menos actor dos quatro. Nem a Jessica Biel conseguiu amenizar a coisa. Gostei do vilão. Apesar de inconstante, conseguiu ter bons momentos de vilão insano maquiavélico.
6 comentários:
Desculpa lá, ò Damasco, mas aqui o Algures também já viu o Esquadrão Classe A e saiu da sala delirante.
O filme está recheado de twists and turns inesperados, tem uma extraordinária fotografia, uma referência fabulosa ao Rocky III, o casting é perfeito - nem sentimos saudades do Mr. T - e, francamente, toda a gente sabe que o Face também urdia os seus planos.
Só não percebi porque raio traduziram o filme de português do Brasil para inglês americano, não faz sentido.
Vá, um abraço e mais empenho nestas críticas, ok?
Caro(a) Alguém algures,
antes de mais deixe-me dar-lhe as boas-vindas a esta humilde casa.
Aqui o desajeitado anfitrião não tende nem procura fazer críticas cinematográficas. Os dois ou três frequentadores da casa sabem que procuro acentuar algumas nuances dos filmes, seja para o mau, ou para o ridiculamente bom. Contudo, há uma tendência para o mau. Porquê? É tudo uma questão de expectativas. Tirando os filmes favoritos, nunca irão ver-me a enaltecer exacerbadamente um filme. Não gosto da ideia de aumentar as expectativas das pessoas. Por norma, apenas serve para desiludir. Prefiro que reclamem porque «disse mal» dum filme e alguém foi ver e adorou, do que encolham os ombros a dizer que o filme do qual disse maravilhas «não era nada de especial». Mais vezes do que gostamos de admitir, as expectativas fazem um filme. Mais do que realizador, actores ou efeitos especiais.
Gostei do filme, lá está. Sei que não passará isso, mas diverti-me. Porque não entra na categoria de favoritos? Porque ia com expectativas elevadas. Porque gostava da série. Porque gosto deste elenco. Porque vi o trailer e fiquei «em pontas». É por estas e por outras que evito ver trailers sequer.
E sim, houve algumas questões de tradução que fizeram confusão. Há uma legenda, a certa altura, quando alguém diz «Punch it, BA.», num pedido para acelerar o carro, pois estavam em fuga, e a tradução foi «Dá-lhe um murro, BA.» Esta falta de zelo também faz com que não vá assim tantas vezes ao cinema. Se bem que tenho pena de não ter ouvido o Hannibal a dizer «Adoro quando um plano dá certo!», com sotaque brasileiro. Vi muitas vezes a série dobrada, quando era miúdo.
Cordialmente me despeço.
Um singelo NÃO crítico cinematográfico,
DaMaSCo
Caro Damasco,
tudo o que escrevi no comentário anterior é uma forte distorção da minha opinião sobre o filme; o propósito era somente chatear-te um pouquinho.
Registo, com humildade e pena, que a piada da penúltima frase não funcionou :)
A razão está do teu lado, no que respeita às expectativas. São como as baratas, não servem para nada mas andam sempre por aí.
Continuarei leitor das tuas não críticas cinematográficas!
a.a.
Ah, ironia. Pois.
Podia reponder mas prefiro deixar-te com uma mui querida fala do grande Steve Martin, nessa simples adaptação do Cyrano de Bergerac, o Roxanne:
«Oh, ho, ho, irony! Oh, no, no, we don't get that here. See, uh, people ski topless here while smoking dope, so irony's not really a, a high priority. We haven't had any irony here since about, uh, '83, when I was the only practitioner of it. And I stopped because I was tired of being stared at.»
:)
Fico muito contente por poder contar com mais um visitante. Pelo menos até perceber verdadeiramente o conteúdo desta minha verborreia a quem as pessoas chamam de blogue. Serão o quê, quatro, os meus leitores agora? Meu dEUS, quse que me sinto como o John Grisham. :p
Saudações cinéfilas,
DaMaSCo
PS - Quem serão estas «pessoas» de que falo? Nem eu sei.
Ah, bela citação, do grande Steve Martin!
Vejo-me obrigado a enfiar a mão no arquivo e retirar, bem fresquinhas (ou nem tanto), palavras alheias, a nada subtil ironia de R. Walser:
«Exceptional estimable, good, nice, dear people they all were but they all, unluckily, kept asking me about the new novel, and that was excrutiating.»
Lamento desiludir-te, mas não encaixo no perfil de «pessoa»; sou um mero anónimo cibernético, uma espécie de ser humano feito de zeros e uns.
Ainda assim, serei o quarto leitor do blogue.
E os outros que apareçam também nas caixas de comentários! Que ler e fugir sem ai nem ui é fina má educação e provoca úlceras no estômago.
Assina o quarto leitor,
a.a.
E, de repente, este blogue ficou erudito, coisa que nunca ninguém esperou encontrar aqui. Estranho.
Essa briga dos comentários já é antiga. Comentários são poucos e esporádicos. Há até quem diga que não há leitores nenhuns por aqui. Não penso assim. Penso que existem. «I believe». Porque se não existirem, vou começar a chorar. :(
Abraço binário, composto por zeros e uns.
DaMaSCo
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