domingo, novembro 15, 2009

Funny People

IMDb | Sítio Oficial

Ok, vamos aos três pontos principais aqui.

Comecemos pela sinopse. Sandler faz de cómico e actor famoso, rico, uma referência no meio. Descobre que tem uma doença que poderá ser fatal. Adopta Rogen como lacaio. Um macaquinho para arranjar-lhe piadas para o seu set de stand up, para falar com ele até adormecer, para fazer tarefas como assistente, para ser seu confidente numa altura complicada, para o ajudar a lidar com a situação e para levar por tabela. Sandler vê-se no buraco e arrepende-se de demasiadas coisas na vida. Até ter uma segunda hipótese... e fazer tudo da mesma maneira, mais ou menos. Será que as pessoas mudam? Voltamos à conversa do costume.

Segundo e bastante importante, há que ter em conta que este filme não é uma comédia. Ok, tem uma data de cómicos. Foi escrito e realizado por alguém conhecido por fazer comédia e existem uma data de piadas e situações engraçadas. Vêem-se uns quantos números de stand up. O filme está repleto de cómicos novos que estão na berra, mais uma data de referências que aparecem só para dar volume à coisa. O Ray Romano e o Paul Reiser aparecem. Imagino que Apatow tenha tentado trazer mais uns quantos. Mesmo só os que aparecem já impressionam e não é pouco. A cena do Romano com o Eminem é hilariante, por exemplo. Ao ver que o filme tinha duas horas e meia de duração, devia ter-me apercebido. Desde quando uma comédia ridícula tem mais de hora e quarenta?! Surpreendeu-me. Não o esperava. Mas imagino muita gente que entre nisto a pensar que vai ser para rir à grande e fique desiludido. O filme é muito bom, se não se estiver às espera de «dick and fart jokes».

O terceiro ponto tem e não tem a ver com o filme. Cada vez mais, tenho menos vontade de ver filmes no cinema. Não que não goste da experiência. Não que não tenha companhia para ir. Felizmente, ainda consigo enganar pessoas e fingir que sou interessante o suficiente para conversar antes e depois duma sessão de cinema. Aqui a questão é: porque haveria de ir, se depois sai em DVD a versão unrated? Porque haveria de escolher ver a versão censurada, cortada, limitada? Porque haveria de ver a versão com menos cenas, com menos piadas, com menos tempo, só porque tinha umas ordinarices pelo meio? Devo ir ao cinema e depois REVER o filme, porque sei que vai ter mais coisas?! Uma coisa é voltar a ver um clássico, para ver a «versão do realizador», anos mais tarde. Agora, voltar a ver um filme meses depois, só porque posso vê-lo no (des)conforto do meu lar, optando por conscientemente ver mais algumas asneiras ou cenas de nudez? Acho que o DVD deverá trazer mais coisas. Se vou gastar dinheiro, quero ter o máximo de coisas possíveis. Venham extras, com cenas cortadas, documentários, histórias por detrás da história, entrevistas, etc. Não percebo é porque tenho que ficar a perder quando gasto dinheiro para ver a coisa numa tela grande, no escuro, com os pés a colar ao chão, putos a fazer barulho com as pipocas e um casal irritante a lambuzar-se ao lado.

O filme é bom. Isto é apenas um pequeno aparte que em nada tem a ver com a qualidade. Tem a ver com o tempo em que estamos e a maneira como continuam a fazer (mal) as coisas. Um pequeno desabafo. Maior parte das pessoas podem não gostar de Sandler. Estão no seu direito. O que é certo é que o palerma volta a fazer uma boa interpretação, num bom filme. Já Rogen não convenceu no papel de totó simpático. Eu sei que ele não é este gajo simpático. É tudo menos este gajo simpático. Mas ok.

Duas últimas pequenas notas: 1) Apatow insiste em enfiar a família toda nos filmes, sejam amigos, esposa ou filhas; 2) Na parte inicial do filme aparecem muitas cenas antigas de Sandler, no início da carreira, muitos vídeos pessoais caseiros ou de coisas que fez no início. Numa dessas cenas, parece-me que é o Ethan Suplee que aparece. Muito, mas muito novo. E o mais chocante no meio disto tudo é que aparece MAGRO!! Pois é, ele em tempos, pelos vistos, foi magro. Muito chocante.

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