terça-feira, dezembro 27, 2022

The Fabelmans


Acabei de ver duas horas e meia de onanismo. Ou, dito duma forma menos pomposa, uma data de auto-felácio. Ou, dito ainda de forma mais directa, o Spielberg está mesmo convencido que pode fazer qualquer m€rd@. Dizer que Fabelmans é uma seca é ser simpático. Achar que ainda dá para fazer filmes inocentes e chamar-lhe «arte» é ingénuo. Fazer um filme sobre a própria infância, achando que tem algum interesse de maior, é masturbação pública ao seu mais alto nível.

Há muito para embirrar neste filme, mas fiquemo-nos pela cena em que Michelle Williams diz, quase na mesma fala, que os filhos são o mais importante para ela mas que os abandonará se for preciso, porque se não for viver com o amante será uma pessoa infeliz.

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Portanto, metade do filme é a genialidade do miúdo artista e como chegou ao cinema, com partes pessoais e outras inventadas para parecer o maior. A segunda metade do filme poderia ser uma bonita história de amor nos anos 60, entre três pessoas, mas acaba por ser apenas uma história básica de novela. Convenhamos que Spielberg nunca foi muito forte em relações humanas que não tenham por base alguma fantasia/aventura.

O filme vai ganhar Óscares porque é o Spielberg. Pois claro que vai. Não deixa de ser por isso um filme que facilmente cairá no esquecimento. Porque não traz nada de novo. É só o repetir das mesmas fórmulas e chamar-lhe outra coisa. Mas não quero ser mal interpretado. O homem merece toda a consideração pelo que fez. Revolucionou o cinema e foi figura presente e influente na minha infância e adolescência. Sou-lhe muito grato. Incomoda-me é que, por ter feito o que fez, ache-se no direito de fazer o que quer e, pior, achar que os outros não estão ao nível e fazem mal. No fundo, desdenha as versões modernas dele. Tem medo, porque da mesma forma que tirou o lugar às velhas múmias, ele sabe que os miúdos estão a fazer-lhe o mesmo. Já o fizeram, em boa verdade. Só ele recusa-se a vê-lo. E isso é triste. Não ter percepção de que o seu tempo chegou e não sair de cena com dignidade.

Sim, também estou a falar do Ronaldo. Isto dá para tudo. É universal e eternamente presente.

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