quinta-feira, março 07, 2019

The Post


Consta que Spielberg anda chateadinho com o mundo. Hoje em dia quer convencer a Academia a não aceitar os filmes da Netflix como candidatos aos Óscares. Parece que o conceituado realizador crê serem «filmes de TV» e não «filmes a sério», daqueles que aparecem em telas de cinema. Claro que acho isso uma palhaçada e só mostra que Spielberg é um velho ressabiado.

Tirando Ready Player One, nenhum dos últimos filmes de Spielberg é um «filme de sala de cinema». Ironicamente, os «filmes de cinema» de hoje em dia são os filmes que tornaram Spielberg popular. Os Indiana Jones, os ETs ou os Ryans. Verdade seja dita, Spielberg é culpado pelo fraco êxito que têm tido os seus filmes nas salas de cinema, ultimamente. Ele foi um dos que criou o «público pipoca», que quer é ver blockbusters cheios de fantasia, explosões e tirinhos. Já não há vontade de ir ao cinema ver um Post ou um Bridge of Spies. Não há público de cinema para isso. Até porque é caro. Acho que é isso que Spielberg não percebe ou não quer perceber. Num mundo com a quantidade de entretenimento como nós temos acesso, hoje em dia, a decisão de ir ao cinema não é tão simples como antigamente. Se calhar mais vale gastar esse dinheiro noutras coisas. Como a Netflix, que tem uma data de filmes e séries, tudo à disposição, directamente na nossa casa.

Não percebo a resistência de Spielberg em aderir ao canal de streaming. Só teria a lucrar com isso. Os seus filmes só tinham a ganhar. Chegariam a muito mais gente, com um reconhecimento mundial maior. Roma não teria chegado a metade das pessoas se não fosse o Netflix. Mesmo ganhando os prémios. Até Scorcese, um gajo desprovido de ideias próprias, já percebeu isso. O seu próximo vai sair pela Netflix e está pejado de estrelas. Dizem que será o alvo a abater nos Óscares de 2020. 

Porque Post é um bom filme (embora se possa discutir a verdadeira importância dos protagonistas na História, face a outros). Bridge of Spies é um bom filme. Mas eu, que sou eu, às tantas esqueci-me que existiam. E acabo por vê-los mais por terem actores de renome, como Hanks ou Streep, do que por serem realizados por Spielberg. Post mal se pagou no solo americano. Bridge of Spies idem. E, como exemplo do que dizia, já não me lembrava do BFG - fui descobri-lo agora no IMDb, na sua lista de últimos filmes -, que esteve longe de se pagar nas salas de cinema.

Moral da história é: chora menos, adapta-me mais. Para quem foi tão inovador no início de carreira, estás a deixar o negócio passar-te ao lado. Por aselhice e teimosia, nada mais.

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