quinta-feira, julho 28, 2016

Before Midnight


Pensava que estava há meses para ver este filme. Não. Estou há anos para o ver.

Detesto ter medo de filmes. O grande problema será não ter um cão. Por isso tenho tanto medo destas coisas. Sim, é estúpido, mas claro que tenho medo. Os «Before» marcaram-me demasiado. Os dois primeiros são sintomáticos do que sinto pelo cinema. 

A surpresa. A maravilha. O paralelismo. Curioso. Pensei que tinha visto ambos há pouco tempo, em preparação para este terceiro. E que até tinha falado deles aqui no blogue. Terei sonhado?

Muito resumidamente:
- primeiro foi uma surpresa absoluta; gravei-o durante a noite, tendo dado na SIC quase sem aviso; vi-o e amei-o instantaneamente, no dia seguinte
- segundo foi no cinema, com amigos tão ou mais apreciadores do primeiro; no momento em que vão revelar porque não se encontraram, como tinham combinado, há um problema com a fita e o filme é interrompido; foi épico

Como não ter medo do terceiro? Tive medo do que ia encontrar. Tive medo de não gostar. Tive medo de gostar demasiado. Tive medo, acima de tudo, do que iria dizer. Porque dizer umas idiotices de filmes que não têm qualquer relevância, para mim é fácil. Falar de algo importante não é. É como - e vem aí uma comparação com algo do qual tenho zero experiência - um tipo a falar de miúdas aos amigos. Fala livremente e ao detalhe das moças por quem não sente nada. Mas da que gosta, dessa não fala aos amigos. Nem saberia como.

É um prazer voltar a este universo. Ver como a relação evolui. Creio que Linklater, Hawke e Delpy sentem o mesmo. E por isso continuam, apesar de fazer quase nenhum sentido sequelas. É uma insistência em voltar a um sítio onde foram felizes e ver como estas personagens, por quem muita gente se apaixonou, evoluíram. E é bom vê-los crescer. Ver a relação passar por momentos menos bons, já bem pós a «fase lua-de-mel». Mas mesmo assim mantendo-se com a base sólida que vimos ser criada. Dá gosto, apesar de já não ser bem a mesma coisa.

E por muito que se imite aqui e ali a cena de andar na rua à conversa - e é certo e sabido que muita gente o faz -, nada bate ver estes dois a fazê-lo. Há qualquer coisa de mágico em ver Hawke e Delpy a deambular, a trocar opiniões sobre disparates ou coisas que são tudo menos disparate. É muito bonito e singular.

Terei medo do próximo? Haverá próximo?
Parte de mim espera que sim. Parte não o quer.

Bom ter algo que ainda mexe assim tanto comigo.

Sem comentários: