terça-feira, agosto 11, 2015

Fantastic Four


Estava super entusiasmado para ver este tentativa de agredir a Disney/Marvel, por parte da Fox. Não porque esperava que fosse algo de incrível. Antes pelo contrário. Desde o início o projecto pareceu-me fraquíssimo. Foi o ler todas as recentes péssimas críticas que deixou-me entusiasmado. Este é o meu «parar para ver um acidente». Confesso que queria ver sangue.

E sangue vi. Vi um estúdio destruir um franchise só porque anda às brigas com os «verdadeiros donos» dos direitos, que andam a dar dez a zero a todos os outros estúdios que tentam fazer filmes baseados em BD. Ou será que destruiu mesmo? Ainda hoje se fala em sequela. Parece que os X-Men mantêm a Fox tão viva, que lhes permite continuar este David vs. Golias dos filmes BD.

Em todo o caso, e voltando à película. Li muitas queixas que o filme é todo uma seca, até chegar-se ao final, onde se vislumbra onde queriam chegar. Li muitas críticas ao afastamento despropositado ao material de origem. Discordo de ambas. A primeira porque o final de acção é miserável, não tem ponta de originalidade e é só uma miscelânea de efeitos especiais colados uns aos outros. A segunda porque até há bastante da BD neste filme. Não é é a BD que o pessoal conhece melhor. E não é a melhor parte. Não é sequer da mais fiel a estes personagens, dos mais antigos da Marvel.

Ora vejamos. O início é igual ao universo Ultimate. Quase sem tirar nem pôr. Ou seja, escolheu-se a versão mais moderna dos FF, ao invés do filme de 2005, que aproximou-se dos FF originais. (Já agora, pequeno parêntesis. Adoro que este seja pior que os anteriores, que levam tareias de meia-noite, quando não são assim tão maus. Pelo menos não eram, para a altura em que foram feitos.) Voltando: até aqui estava tudo mais ou menos bem, até ao incidente que lhes dá poderes, entenda-se. A partir daí é tudo muito negro (algo que se tinha percebido ser assim, desde o primeiro teaser), e a coisa aproxima-se vertiginosamente do que o universo Ultimate terminou por ser.

O problema (um de muitos) é que não se passou pelo processo do meio. Ou seja, o recontar das histórias clássicas e o desenvolvimento natural dos personagens, em versão moderna. Algo que os livros Ultimate fizeram muito bem. E passa então a ser uma salgalhada do piorio, com um desaproveitamento (mais uma vez) dum dos maiores vilões da marca Marvel.

No fim temos elementos dos primórdios dos FF, misturados com partes dos Ultimate FF. Epá, decidam-se.

Problema seguinte: o elenco.
Embora seja todos óptimos - verei qualquer filme em que apareçam -, não deixa de ser um péssimo casting.
- Miles Teller tem sinais de ter partido o nariz em tempos, para além de várias cicatrizes. Mostra que foi um traquinas em miúdo. Reed está longe de ser assim. Porque não foi ele Johnny Storm? Era quem pensava que seria, quando vi a notícia do elenco pela primeira vez.
- Não tenho problemas em ter um Johnny Storm preto. Até porque adorei o Michael B. Jordan no Chronicle. Mas porque é que não o deixaram ser ele mesmo e continuar o legado de «hot shot» / gajos da partidas / mulherengo e, basicamente, tipo divertido, que é o Johnny Storm? E que o MBJ também é, já agora. Há inclusive uma parte em que recusa-se a descer um penhasco... porque tem medo!
- Kate Mara está perto de ser uma Susan Storm decente, mas - e já disse isto no primeiro -, porque é tão difícil arranjar uma loira natural para fazer de loira, ainda por cima na terra das loiras que é Hollywood?!
- Ben Grimm é mais pequeno, em termos de altura, que Reed Richards. No filme, entenda-se. Se queríamos ter o Ben Grimm do Ultimate Universe, porque não arranjar um tipo corpulento?

[O pai Storm chama Suzu à Suzi Q Storm-Richards. Não creio alguma vez ter visto esta alcunha na BD. Mas também não sabia de Central City, e afinal foi o primeiro sítio onde os personagens viveram.]

Falta humor. Falta empatia entre os personagens. Falta companheirismo. Falta aquele toque de família, que faz os FF serem os FF. Viu-se um pouco disto no final. Mesmo, mesmo no final. Suponho que fosse ao que se referiam, nas primeiras críticas que li.

Ah, e o Stan Lee não aparece, apesar de ser produtor executivo. Ele não aparecer nunca é bom sinal.

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