domingo, fevereiro 21, 2016

Spectre


Bond:
O último de Craig. Em situação normal estaria contente. O problema é que não sei se não será o último Bond. Não só dele, mas de toda da gente.

Se este franchise morrer, culpo Craig e o seu andar idiota, que nunca é nem durão, nem cangaceiro, nem com estilo. É uma tentativa de fazer tudo ao mesmo tempo. Falha miserável e epicamente. É o maior falhanço, na história de tentativas de andar fixe, de todo o sempre.

Sinopse:
O programa 00 vai terminar, sendo substituído por um sistema de vigilância global. Não percebo como uma coisa invalida a outra, mas não fiquemos presos a detalhes.

Fora de horas e sem supervisão alguma - indo contra ordens superiores directas, aliás -, Bond investiga ex-inimigos, na busca de mais informação que confirme o que se suspeita: que tudo está ligada a um único grã-vilão, a uma única organização.

Vilão/Capangas:
Impossível fazer outra coisa que não louvar Christoph Waltz como vilão. Seja do que for. Até podia ser vilão dum anúncio de cereais. Teria o meu respeito (e algum medo) na mesma. E Bautista estava a ser óptimo capanga. Até abrir a boca. Essa parte nunca lhe corre bem.

Mas mais importante que isso: aparece a Spectre! E aparece o gato.

Não, não, ignorem o comentário anterior. Aparece a Spectre. Fiquemos por aí. Não pensemos que, na minha cabeça, o gato chama-se Spectre.

Bond Girls:
Cinco óptimos minutos de Bellucci. Seydoux vai convencendo, como qualquer mulher francesa consegue sempre fazer.

Gadgets:
Ameaçaram com o carro. Parecia que ia fazer grandes coisas. Funcionou uma ou outra. As outras não, tanto como artifício para criar suspense, como talvez por falta de orçamento ou meios técnicos. Safou o relógio que explode. Acabou por ser um bom compromisso.

Cena Bond:
Fiquei super entusiasmado quando se percebeu que ia haver uma perseguição na neve. Confesso que não sabia isto de mim mesmo, mas perseguições na neve são as minhas preferidas e, pelos vistos, é algo que associo ao universo Bond. A sério. Só me apercebi neste filme. Começou a cena. Mostraram sinais que ia ser uma perseguição na neve. Fiquei em pontas. O problema é que não foi uma perseguição por aí além. Até desiludiu-me um pouco, no final.

Bond persegue um grupo de carros com um avião de hélices, bi-motor. É o óbvio para se perseguir alguém, claro. Chega a fazer um jogo de chicken com os carros. Ganha, como é natural. Só que Bond terá ficado convencido com a vitória. Começou a arriscar muito e, com isso, começou a perder peças. Uma asa aqui. A outra ali. Toda a traseira desaparece, a certa altura. Fica o cockpit e pouco mais. O certo é que mesmo assim conseguir ganhar direcção, indo colina abaixo na neve, acabando por abalroar os últimos carros. Impede os vilões de fugir com a moça de Bond.

Até eu, que adoro Bond e tudo o impossível que daí advém, achei esta cena exageradamente estúpida. É que bastava ter travado, ou mesmo abrandado o carro, e Bond teria passado por eles, sem criar grande constrangimento.

Notas finais:
Sam Mendes veio trazer muito de Bond de volta ao franchise. E ainda bem. Quase que salvou a coisa. O problema é que terá sido esforço em vão. Esta última sequela não se pagou. A regra dita que não haverá mais. Em boa verdade, o plano era fazer apenas quatro. Depois logo se via. E qualquer um destes quatro foi tirado a ferros. Muitas foram as vezes em que li, nos últimos 10 anos, que não havia dinheiro para fazer o próximo. Até aqui havia uma obrigatoriedade contratual para cumprir. Deixa de haver obrigações, deixa de haver esforço extra.

Se não houver um maluquinho que queira continuar, cheira-me que o personagem morre com este Spectre. De forma inglória...

Estou a contar contigo, Mendes! Isto não pode terminar com o idiota do Craig! Venha daí o Idris, caramba!

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