segunda-feira, setembro 05, 2011

Roger Dodger

IMDb

À custa deste filme, não consigo deixar de pensar no conceito de «gastar um ordenado na noite». Campbell Scott, um cavalheiro com uma carreira estranha de demasiados altos e baixos, trabalha em publicidade, em NY, e é um mulherengo. Pelo menos no papel. Jesse Heisenberg, aqui na sua estreia cinematográfica, é seu sobrinho e visita o tio à procura de conselhos que só interessam a miúdos de 16 anos, com hormonas a tomarem conta de todos os seus pensamentos. Como com a sua carreira, Scott alterna entre o perfeito wingman/mentor e o c0ckbl0cker. Scott efectivamente percebe de mulheres, mas nesta noite específica está demasiado em baixo porque, como todos os homens em algum ponto das suas vida, perdeu-se de ideias por uma mulher em particular. Pior, pela chefe. Em todo o caso, Scott tenta de tudo para que o sobrinho não só aprenda a teoria, como, se possível, a prática também.

Agora, de onde veio o conceito acima referido? Durante o filme, mais para o final, penso em como o personagem de Scott pagou tudo durante a noite. Copos, entradas aqui e ali, táxis e mais umas coisas da noite. Isto em NY, uma cidade não muito barata. E pus-me a pensar como estou a léguas de ser como esta pessoa, porque mandar assim para cima duma mesa 200 dólares não é para mim. O homem terá gasto, na boa, o meu ordenado numa noite. Pensei em como deve ser porreiro viver com essa liberdade e como eu e ele (o personagem, entenda-se) somos pessoas completamente diferentes, apesar de termos muitos pontos em comum: somos homens, seres humanos, morenos e ambos garanhões, claro. Mas eu não sei como é viver como ele e ele há muito esqueceu como é viver como eu. E, de repente, apercebi-me que já gastei ordenados de outras pessoas na noite. Até numa simples ida ao cinema já terei gasto o ordenado de alguém. Pensei no quão diferente sou eu dessa pessoa e assim nasce o conceito de «gastar um ordenado na noite».

Pareceu mais interessante na minha cabeça, confesso.

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