Dose dupla de Almodóvar. Não é fácil, porque o homem já não faz coisas com um mínimo de humor. É tudo a dar-lhe mais para o pesado. Dei por mim a ter saudades de ver a mãe dele nos filmes. A senhora tinha piada. Mesmo nos dramas.
Cruz tem um caso com um tipo casado, de quem gosta. Engravida e decide ter a criança, por muito que ele tenha procurado «convencê-la da alternativa». Partilha quarto no hospital com outra grávida e ambas dão à luz no mesmo dia. Tudo vai correndo bem, mas a criança tem traços sul-americanos. O pai, ao conhecer a bebé, rejeita-a, pois não acredita ser sua. Cruz faz um teste genético e percebe o que era bastante óbvio, a partir do momento que conheceu e deu-se bem com a outra grávida no hospital. Levanta-se assim um dilema interessante e muito complicado. Até porque entretanto descobre, através da outra grávida, que a «sua» bebé faleceu.
Bastaria esta história para se fazer um filme, certo? Errado. Almodóvar não se fica por menos e junta-lhe a tragédia duma aldeia que teve quase todos os homens a «desaparecer», levados pelas «autoridades», há décadas. As mulheres suspeitam onde poderão estar os corpos, mas não têm como o confirmar.
Que novela, Pedro. Que novela.
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