A razão principal de ter começado este blogue foi para ter um registo do que tinha visto. Começava a esquecer-me dos filmes e, pior, crescia o risco de rever coisas que não gostei à primeira. Podia ter feito um diário privado, claro, mas os blogues estavam na moda. E funcionou. Em mais nada que não esse objectivo principal. Ainda bem. Consegui evitar, mais que uma vez, rever coisas que não prestavam. O problema é que o blogue não resolve tudo. Os maus filmes que não acabei de ver, desses não tenho registo. Os que desisti a meio, no início, ou os que nem sequer quis começar, esses ficam para sempre esquecidos. Por completo.
Julieta apareceu na HBO Max. «Um filme do Almodóvar que não vi?! Então mas como é possível?», penso eu, do alto da minha inocência. E idiotice. Começo a ver e lembro-me das primeiras cenas. Todos os detalhes. Sabia o que ia acontecer. Procurei no blogue. Não estava lá. Foi dos que desisti de ver, logo ao início. Percebo porquê. É excessivamente dramático. Há cenas que nem são assim tão complicadas mas que, com a música pesada que acompanha, parece ser o fim do mundo. Vejo até ao fim, focando-me no lado positivo. Ao menos assim evito passar por isto outra vez, daqui a uns anos.
Há uma tipa que encontra uma amiga de infância da filha. Descobre assim que é avó de três miúdos. Começa a escrever uma longa carta à filha que não vê há mais de dez anos. Conta tudo, desde como conheceu o marido até ao presente. Se o início e o fim fazem sentido, porque a filha não esteve presente nesses momentos, todo o meio é absurdo. Não só a miúda estava presente, como era protagonista principal. Não faz qualquer sentido. A não ser, claro, para que o espectador perceba a história. Acontece que ser justificável não faz duma narrativa débil aceitável. E no final... Nada. Nada de nada. A deixar uma sensação de frustração por ter perdido tempo. E de vazio, pela completa falta de clímax.
Segundo a trivia na página do IMDb, consta que o filme esteve para ser feito no Canadá, com Streep como protagonista. Almodóvar roeu a corda. Não se sentiu capaz de filmar num país desconhecido para ele, numa língua que não domina. Percebo, mas que filme podia ter sido? Se calhar até tinha visto à primeira.
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