terça-feira, novembro 09, 2021

No Time to Die


Bond:
Afinal havia ooooooutro!

No post de Spectre disse o que achava, que seria o último de Craig. Era a informação que tinha. Achava eu que não havia contrato com o actor para mais um filme. Se calhar não havia e entretanto negociaram. Spectre não teve bons resultados. Achava eu e toda a gente, na altura, que a dinastia de Craig tinha terminado. Prova de que não foi um «parto fácil» é o intervalo entre filmes. Spectre saiu em 2015. OK, No Time to Die era para ter saído o ano passado (mais um dos adiados pela pandemia), mas mesmo assim são cinco anos entre filmes. É demasiado.

Moral da história é que tivemos de levar com o canastrão mais uma vez. Espero que tenha sido a última. Se bem que... Custa-me, mas tenho de admitir. Ele aqui foi um bocadinho mais Bond.

Chiça, foi mais doloroso dizê-lo do que imaginava e do que vocês (tu?) possam pensar.

Sinopse:
Depois de três filmes a chamar outra coisa que não SPECTRE à SPECTRE, e dum quarto com SPECTRE no título, afinal SPECTRE não é «a cena». Afinal havia também outr... a organização malévola, com os seus próprios planos nefastos.

Uma figura do passado da moça de Bond ressurge. Mais que o próprio «irmão» de Bond, esta figura tem muito em comum com o espião britânico. Também ele odeia a Spectre e, ao contrário de Bond, a figura consegue efectivamente destruí-la. Claro que acharmos que é bom tipo é ridículo e o caramelo tem os seus próprios planos loucos de genocídio, controlo do mundo, riquezas muitas, yadda yadda yadda...

Vilão/Capangas:
Um tipo de mota com um olho mecânico/câmara não é mau. Continuo a preferir dentes metálicos, um chapéu de coco ou mesmo uns diamantes metidos na cara. Mas não está mau, não. E um vilão «fantasma da ópera», com um sotaque esquisito, isso então é ouro sobre azul. Ao início achei a máscara meio tola, pois gajos aterrorizadores com máscaras há muitos, mas quando deram-lhe o toque trágico, de ficar meio partida, conquistaram-me.

Bond Girls:
Ana de Armas é qualquer coisa saída dum sonho latino. Em 15 ou 20 minutos «roubou a cena» toda. Merece um filme só dela, neste ou noutro universo. Pena que não possa ser ela a nova Bond. À Lashana deram mais brinquedos que ao seu predecessor. Não desgostei, mas também não fiquei convencido que possa ser a próxima 007. Apenas e só porque mataram a personagem no final, com uma decisão que, para mim, não faz sentido. E depois há a pobre Seydoux. Merecia mais que ser apenas damsel in distress. Mas não muito mais. Calma. Para além da M e da Monneypenny, não há moça que deva aparecer mais que dois filmes. A não ser que decidam-se por uma «moça Bond» a ser a próxima Bond, algo que acharia genial.

Gadgets:
Ah, agora já pode ter o Aston Martin blindado e todo artilhado? Não era sem tempo. Ou melhor, fazendo jus ao título, será melhor dizer «já vem tarde» ou «antes tarde que nunca»?

Como disse acima, deram à Lashana brinquedos mais fixes, nos quais inclui-se uma arma para disparar cabos e permitir uma espécie de fuga rappel paralelo ao chão entre prédios. Sei que não parece grande coisa assim descrito, mas no filme foi fixe. Já usado pelo Bond temos um relógio com um EMP muito direccionado, que foi bastante fixe, mas no qual não posso pensar muito. Porque foi forte o suficiente para destruir alguns aparelhos, mas não lixou o comunicador no ouvido do Bond... Ou nanobots no geral!

A sério. Não posso mesmo pensar nisto. Começo logo a sentir palpitações.

Cena Bond:
O problema de terem estragado o universo Bond com estes filmes do Craig, é que há demasiados filmes que não sei o que é verdadeiramente uma «cena Bond».

Ia o filme com duas horas e achava eu que teria apenas, para referir aqui, uma cena no início. É uma ponte antiga. Há um carro dum lado, uma mota do outro. Tudo com capangas armados. Bond no meio. Solução: pegar num daqueles cabos metálicos que percorrem pontes antigas (conveniente) e mandar-se «borda» fora, para evitar toda a gente. Giro, sim. Mas não épico. Felizmente não se ficaram por aí.

Existe uma ilha, quartel general do vilão, cheia de minions, onde estão a preparar uma arma de destruição massiva e onde estão prestes a receber uma data de meliantes que querem comprar a dita. Foi... É a cena Bond for the win.

Notas finais:
Fiz toda uma preparação antes de ver No Time to Die. Fui ver um vídeo de recap dos quatro filmes Craig, no YouTube. Já que por lá andava, revi os Pitch Meetings destes quatro. Reli os meus posts aqui no blogue. Trinta por uma linha. Reparei num padrão logo no filme do recap. Qual foi a cena de tentarem que o Bond se retirasse com uma moça, em quase todos os filmes? Sim, o homem apaixona-se, mas nem no famigerado filme em que casou (em Portugal, é sempre importante referir) pensou em retirar-se, certo?

E depois há ainda uma questão que atormenta-me. Porque deram-se ao trabalho de começar o Bond de novo, desde que tornou-se 00 pela primeira vez, só para levá-lo ao fim de carreira depois de 5(!) histórias? Qual foi a necessidade do ciclo fechado, tendo sido dado tanto ênfase à origem do Bond, que é a parte que menos interessa?

suspiro

Não foi mau. Este quinto capítulo, do pior Bond deles todos, foi o mais «Bond» dos cinco. Foi giro de se ver. Indo ao detalhe não faz sentido, mas essa regra aplica-se a todos. Foram filmes entretidos. Não concordo com muito do que fizeram - e não sei se é claro, mas não concordo com a escolha de actor. Mas diverti-me em quase todos (o Casino, que estranhamente é o melhor cotado, para mim foi mauzito). Porque Bond é sempre excitante. Porque tudo pode acontecer. E isso mexe com o miúdo dentro (e fora) de mim, que sempre curtiu estas aventuras. Porque é o que são, e são suposto ser: aventuras repletas de fantasia e disparates incríveis.

Venha daí o novo ciclo. Espero que não demore muito. Já sinto falta dos clichês todos.

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