Ainda hoje aconselhei alguém a deixar-se de tretas e a ver um filme que está há algum tempo para ver. Achei por bem seguir o meu próprio conselho e deixar-me eu de tretas. Há demasiado tempo estou para ver Zack and Miri Make a Porno. Há quase três anos, para ser mais preciso. É verdade que os filmes de Kevin Smith já não são tão bons como antigamente, mas nem foi tanto por aí. Foram parvoíces. Comecei por querer ver o filme em condições e não em computador, num ficheiro de condições dúbias, pois não o apanhei no cinema. Lá arranjei o DVD e aí foi porque não tinha um leitor e televisor decentes. Queria ver numa sala, sentado confortavelmente no sofá. Aos anos que já não fazia isso. Agora, finalmente tinha tudo e mesmo assim não o via. Era ridículo. Os astros alinharam-se hoje e, apesar de que devia ter feito outras coisas, como sair e ter vida, etc., enchi-me de coragem e vi o penúltimo do cavalheiro de Jersey.
Zack and Miri Make a Porno narra a já mui usada história de pessoas comuns a realizarem um filme pornográfico. A desculpa aqui é que Seth Rogen e Elizabeth Banks são uns losers sem dinheiro. Com empregos reles e água e electricidade cortadas por falta de pagamento, estes melhores (apenas) amigos desde os tempos de escola (bem cedo) decidem aventurar-se na sétima arte para adultos. Arranjam uma pandilha esquisita que cedo se torna a segunda família e metem-se a fazer uma tontice que mais facilmente teria sido feita em casa, com algum equipamento, uma ligação decente de Internet e um mínimo de criatividade. Foram pela rota mais difícil, old school, com enredo, adereços, uma premissa e cenários. A ideia original, aliás, era fazer a versão pornográfica do Star Wars, uma fantasia de Smith, parece-me. Depois limitam-se a copiar um pouco a vida do próprio Smith e filmam no local de trabalho de Rogen.
A história não é nada de especial. Deu para matar um pouco as saudades dos planos de coisas mundanas, a que o gordo silencioso me tem habituado, e de alguns diálogos típicos e «actores» do costume. Mas havia pouca essência, não sei. Acho que passará muito pelo facto de que Smith cada vez mais faz coisas com os amigos. Pode funcionar bem, mas mairor parte das vezes são tiros ao lado. Rogen, para não variar, não é adequado ao papel. E mesmo Banks - mulher que adoro, atenção - não está muito bem. Custa-me ver uma moça tão gira embeiçada por Rogen. Embevedecida, mesmo. E isto não abona nada a meu favor, se me custa acreditar que miúdas giras possam ir à bola com gordos barbudos. Mas nem fico pelos principais. Brandon Routh está muito pouco confortável a fazer o papel. Já Justin Long está demasiado confortável, exagerando e falhando como actor de porno gay.
Uma coisa que achei piada pensar foi no padrão de Smith. Ele escreve sempre personagens principais parecidos com ele. Se o mesmo se passa aqui, então Banks estará a interpretar o papel do melhor amigo. Neste filme, é o melhor amigo com quem o personagem de Smith vai para a cama. E sim, estou a insinuar que Smith é muito gay, algo de que é sempre acusado e que chegou mesmo a abordar noutros filmes. Achei engraçado que aqui chegam a vias de facto. Apenas isso.
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