Mais do que falar do filme em si, apetece-me tentar perceber como algo com pelo menos dois do personagens mais icónicos da BD, não funciona.
Não que este assunto mereça grande discussão, mas parece-me descabido que uma empresa que detém direitos de publicação, cinema e afins destes e doutros da editora, não consiga criar um projecto altamente rentável. Acima de tudo, confunde-me que tudo que fazem seja tão facilmente criticável.
Comecemos pelo tom. Sim, é certo que a BD teve os seus distintos registos, ao longo dos tempos, focando-se agora em temas mais pesados e personagens mais negros. Mas isso foi uma evolução. E nem se pode dizer que a BD seja muito rentável, hoje em dia, pelo que estamos longe de poder perceber se é um bom caminho ou não. Já a BD adaptada ao cinema não teve ainda qualquer tipo de evolução. Comparativamente, o cinema deste género é apenas um imberbe rebento, face ao septuagenário avô, publicado em formato quadricular. Se bem que a trilogia do Batman criada por Nolan foi um sucesso incontornável, muito se deveu à narrativa, misturado com talento dos seus actores. Nolan teve respeito pelo material de origem, mas soube fugir o suficiente para criar uma história bem adaptada ao meio. Usou o tom mais sombrio do personagem para encantar o público. E tal faz sentido. Com o Batman. Não é líquido que o mesmo se aplique aos outros.
O tom é paralelo ao registo, mas este último não deixa de ser importante só por si. Poderá discutir-se que BvS é fiel no registo BD que apresenta. Mas, como já frisei, o número de leitores de BD não é assim tão numeroso que justifique fazer algo apenas para eles. Não em projectos desta escala. Um filme como BvS é para todos. Como tal, não pode ter referências que só os leitores apanham, que sejam grandes blocos da narrativa principal. Deve ter «piscares de olhos», pequenas notas, que fazem do filme especial, mas que não afectam no todo.
E, por fim, convém falar da estrutura versus individualidades. Para projectos deste nível - sendo isso que querem fazer, um projecto e não um par de filmes -, é importante ter uma equipa central a comandar as operações. Há muita gente criativa e talentosa metida nestes filmes, mas nenhum deve ser maior do que o projecto. E nenhum pode fazer o que lhe apetece, sem ter o resto em consideração. E isso, mais que tudo, parece-me ser o que falta na cinemática DC. Embora este seja um problema que já venha da BD, em boa verdade.
Em conclusão, não tenho como recomendar BvS, por muito que se deva ver, se se quer acompanhar os próximos filmes previstos. Agora, que isto continua uma valente salgalhada, disso não haja dúvidas.
Não que este assunto mereça grande discussão, mas parece-me descabido que uma empresa que detém direitos de publicação, cinema e afins destes e doutros da editora, não consiga criar um projecto altamente rentável. Acima de tudo, confunde-me que tudo que fazem seja tão facilmente criticável.
Comecemos pelo tom. Sim, é certo que a BD teve os seus distintos registos, ao longo dos tempos, focando-se agora em temas mais pesados e personagens mais negros. Mas isso foi uma evolução. E nem se pode dizer que a BD seja muito rentável, hoje em dia, pelo que estamos longe de poder perceber se é um bom caminho ou não. Já a BD adaptada ao cinema não teve ainda qualquer tipo de evolução. Comparativamente, o cinema deste género é apenas um imberbe rebento, face ao septuagenário avô, publicado em formato quadricular. Se bem que a trilogia do Batman criada por Nolan foi um sucesso incontornável, muito se deveu à narrativa, misturado com talento dos seus actores. Nolan teve respeito pelo material de origem, mas soube fugir o suficiente para criar uma história bem adaptada ao meio. Usou o tom mais sombrio do personagem para encantar o público. E tal faz sentido. Com o Batman. Não é líquido que o mesmo se aplique aos outros.
O tom é paralelo ao registo, mas este último não deixa de ser importante só por si. Poderá discutir-se que BvS é fiel no registo BD que apresenta. Mas, como já frisei, o número de leitores de BD não é assim tão numeroso que justifique fazer algo apenas para eles. Não em projectos desta escala. Um filme como BvS é para todos. Como tal, não pode ter referências que só os leitores apanham, que sejam grandes blocos da narrativa principal. Deve ter «piscares de olhos», pequenas notas, que fazem do filme especial, mas que não afectam no todo.
E, por fim, convém falar da estrutura versus individualidades. Para projectos deste nível - sendo isso que querem fazer, um projecto e não um par de filmes -, é importante ter uma equipa central a comandar as operações. Há muita gente criativa e talentosa metida nestes filmes, mas nenhum deve ser maior do que o projecto. E nenhum pode fazer o que lhe apetece, sem ter o resto em consideração. E isso, mais que tudo, parece-me ser o que falta na cinemática DC. Embora este seja um problema que já venha da BD, em boa verdade.
Em conclusão, não tenho como recomendar BvS, por muito que se deva ver, se se quer acompanhar os próximos filmes previstos. Agora, que isto continua uma valente salgalhada, disso não haja dúvidas.
Sem comentários:
Enviar um comentário